Não penses que só porque vês os pássaros voar que têm todos asas… não! Alguns voam por causa da alma que é grande e feliz, outros voam sem asas desnorteados com o vento. Agora, que me nascem os frutos maduros nas mãos, que devia cantar as letras e dançar entre os versos, também perdi as asas, e voo desamparada na vida. É como ser rio e nunca conseguir chegar ao mar, correr e quase chegar… correr e quase chegar…. Ser pedra da calçada que suporta destinos, tantos destinos que chegam a pesar no peito. A vida é uma armadilha permanente que vai-nos sufocando a alma e deixando-nos cegos ao amanhã.
Agora, que quase abraçava o sonho de ser feliz, tiraram-me a palavra da boca, cortaram-me as asas e sufocaram-me os sonhos. E o mar está tão longe…. Desamparada na noite, espero ansiosa pela madrugada para ver morrer as estrelas que costumava colher no céu da tua boca. Depois curvo-me ao novo amanhecer vestida de tempo e despida de vida.
Vanda Paz
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