Vanda Paz
17 de ago de 20221 min
É no respirar que nasce o amanhã.
É no caminhar que cresce o futuro
enquanto o poema espera, vazio.
O sonho era correrem rios de tinta
e pensamentos abraçados à lua.
Mas, no bordado do olhar
esmorece a imagem.
No espaço entre os lábios fica a palavra.
Nas mãos desmaiam os versos
e as páginas em branco morrem
amarrotadas no chão.
No rescaldo dos dias
cruzam-se caminhos e salvam-se os dedos.
De sorriso em sorriso
vão-se construindo pontes
e voando sobre elas
com o pensamento envergonhado do dia.
Já nada me espanta na madrugada.
Já conheço todos os finais de romances escritos.
Agora
e porque a noite é lua cheia
transbordam-me poemas do peito
e volto a respirar poesia.
Vanda Paz